Dança da chuva
Tenho saudades da chuva que corria nos beirais
Das noites de chuva húmidas
Onde a solidão esbatia nas vidraças outros ais
Estou tentada a beber a nossa garrafa
Num copo grande com muito gelo
Ao invés faço a mezinha de ervas que me ajuda a dormir
Ainda não sei porque se foi a tua voz
Nem porque deixei de me ouvir
Talvez tenha chegado a hora de partir
E de cortar os cabelos…
Ou, por fim, soltá-los
deixar crescê-los
Como nunca fiz
Tenho saudades
e nunca e nada me faz
quase feliz
Tenho saudades da nossa chuva que corria nos beirais
E um dia qualquer sem caminho sem destino
Sentir a chuva bater na vidraça devagarinho
Tenho saudades da nossa noite sem nós
Aquela em que nunca nos encontramos nem dormimos juntos
Tenho saudades da nossa história mal escrita e que a chuva
levou a tinta
Das palavras que a pena beijou no papel
Tenho saudades de dedos finos e fios de cabelos
Nos meus, olhados contra a ténue luz e das velas que nunca
acendemos
Quando foi que nos esquecemos de bebermos nos nossos sonhos
Sussurrados beijos de nada
E eu hoje senti saudades da chuva que corria nos beirais
Só isso, nada mais.
A Lúcia
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