flores de plástico
Comprei umas flores de plástico amarelas. Ficam bem com o sol de outono.
Não gosto do outono: é inevitavelmente triste. Andamos há demasiado tempo a contrariar a tristeza e a viver relutantes com a melancolia do outono. Procuramos a festa, o convívio e evitamos a todo custo a tristeza profunda que nos aspira para um abismo.
Terei de ir? Onde andam as centelhas mágicas da vida e a forma como energizavam os dias e as causas?
Repensar a vida dói sempre. Houve sempre em mim uma pressa de continuar, eu sabia que as paragens são perigos na evolução… e afinal, sim, o outono e o inverno hão de sempre passar, tudo vai passar de uma forma ou de outra, de uma forma para outra. Assim como não duram para sempre os dias de sol, também não são eternos os dias de chuva.
Eu sei que há sempre um canto qualquer que ainda vale a pena. Não sei como, nem como, nem percebo ainda apesar da longa estrada que percorri, qual o meu papel. Talvez só estar, e estar bem.
Quando estamos, funcionamos, e o importante é funcionar, porque o mundo é uma máquina de engrenagem em que cada um é um contributo.
E se precisar sair está tudo bem, tal como está se voltar a entrar.
Qualquer desfecho é um bom desfecho desde que tenhamos escolhido cada premissa.
Terei que dizer adeus a algo, chorar a morte e o fim de algo? Talvez me tenha que despedir previamente do que não virei a ter. Sim, fiz de tudo e não resultou. Posso parar de fazer, durante algum tempo, talvez… Ou posso continuar a fazer.
Lúcia
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