seca
o verão secou-me no corpo
como o trigo seco só e morto
avistei porém em qualquer sítio muito além
vislumbres de alguém, nada mais que fogo fátuo
seca a terra levanta cinza
pó acre e cal
agarram-se a mim
secos tojos
cujos picos nas carnes já não fazem mal
quem quando me levou a voz
ensurdeci-me e não me lembro
muito doce me assemelha
e pareça quase aragem, é só bafo
podre afável mofeta
misericordioso ardor nos brônquios
me consome até aos alvéolos
derradeiro fulgor de vida
que me queima
que arde
que me mata
a mata
só
cinza
acre
como o trigo seco só e morto
avistei porém em qualquer sítio muito além
vislumbres de alguém, nada mais que fogo fátuo
seca a terra levanta cinza
pó acre e cal
agarram-se a mim
secos tojos
cujos picos nas carnes já não fazem mal
quem quando me levou a voz
ensurdeci-me e não me lembro
muito doce me assemelha
e pareça quase aragem, é só bafo
podre afável mofeta
misericordioso ardor nos brônquios
me consome até aos alvéolos
derradeiro fulgor de vida
que me queima
que arde
que me mata
a mata
só
cinza
acre
Lúcia Cunha
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