Confortável pátio dos muros
De repente disse-lhe: "Eu precisava de outro nome... sinto como se este nome não me servisse para o contexto temporal que estamos a viver!"
Na verdade, senti exactamente isso, o meu nome não condiz com tudo isto...
Senti necessidade de me chamar outra coisa qualquer, que soa-se mais de acordo com este tempo. Algo mais forte, mais seco, mais prático, algo que fosse branco mármore e sabor maçãs verdes com os açucares e as vitaminas essenciais e nos devidos valores recomendados.
Sinto que se disser que já vivi tantas coisas difíceis e que não precisava de mais isto vai soar bucolismo perfeitamente desnecessário neste momento.
É preciso muito mais do que a astucia das mulheres da Resistência Francesa, do que a força das amazonas, a perseverança das bruxas perseguidas... vai ser preciso ter muito mais do que tudo o que já fui. Seria preciso que me dessem um novo nome.
Não saímos de casa desde sábado. O que nos vale é o pátio. O pátio faz-me imaginar como viviam os elementos do Clero em clausura. Fora do pátio há o monte, os campos... Para outro sítio, não vamos, e receio habituar-me à comodidade do pátio. Não sei se temo mais o que sucede para lá do pátio ou se esta modorra que se vai apoderando pouco a pouco de nós, este conforto do sol a derramar luz sobre as brancas paredes bonitas de um pátio com água, laranjeiras, limoeiros, oliveiras e flores. Para cá dos muros aos poucos vi se formando um mundo alienado. Tudo o que nos chega, para já dói tanto como a ficção.
Zelo para que os dias não me levem a consciência.
Passei o dia dividida entre os email´s, os trabalhos e as coisas da casa, aquelas coisas menores, que nos exigem tempo, esforço e dedicação.
Por muito paradoxal que pareça estamos em guerra, uma daquelas em que as batalhas se vencem se ficarmos quietos e lavarmos as mãos.
L.C.
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