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A mostrar mensagens de setembro, 2020

I

  Por fim, chegou só mais uma noite E nem a noite me chegou Precisava de fugir nos sonhos Em busca Na busca   E a noite chegou por fim Os olhos ardem E arde de febre Dentro o ventre A garganta seca Arranham-me palavras presas   Só encontra que sabe o que procura E eu só me queixo do que encontrei Lúcia

Dança da chuva

  Tenho saudades da chuva que corria nos beirais Das noites de chuva húmidas Onde a solidão esbatia nas vidraças outros ais   Estou tentada a beber a nossa garrafa Num copo grande com muito gelo Ao invés faço a mezinha de ervas que me ajuda a dormir   Ainda não sei porque se foi a tua voz Nem porque deixei de me ouvir Talvez tenha chegado a hora de partir E de cortar os cabelos… Ou, por fim, soltá-los deixar crescê-los Como nunca fiz Tenho saudades e nunca e nada me faz quase feliz   Tenho saudades da nossa chuva que corria nos beirais E um dia qualquer sem caminho sem destino Sentir a chuva bater na vidraça devagarinho   Tenho saudades da nossa noite sem nós Aquela em que nunca nos encontramos nem dormimos juntos Tenho saudades da nossa história mal escrita e que a chuva levou a tinta Das palavras que a pena beijou no papel Tenho saudades de dedos finos e fios de cabelos Nos meus, olhados contra a ténue lu...